O cinema brasileiro alcançou um feito inédito neste sábado (24), no encerramento do Festival de Cannes 2025. Pela primeira vez na história do evento, um ator brasileiro venceu o prêmio de Melhor Ator: Wagner Moura, pelo filme O Agente Secreto. A consagração marca um divisor de águas para a presença brasileira no cinema mundial. 2n4t5e
E o feito não parou por aí. Kleber Mendonça Filho, diretor do longa, também foi reconhecido com o prêmio de Melhor Direção, algo que não acontecia com um cineasta brasileiro desde Glauber Rocha, nos anos 1970. Pela primeira vez, o Brasil leva dois prêmios principais em uma única edição do festival – e em um ano em que o país foi homenageado como País de Honra do evento.
Um agente da história
Ambientado na Recife dos anos 1970, O Agente Secreto acompanha um professor universitário (interpretado por Moura) que retorna à cidade natal durante os anos de chumbo da ditadura militar, em busca de se reconectar com o filho caçula. Misturando suspense político e drama íntimo, o longa foi descrito por veículos internacionais como “monumental”, “obra-prima” e “um thriller maravilhoso”.
A estreia mundial no dia 18 de maio arrancou aplausos por 15 minutos consecutivos, sinalizando o impacto emocional e artístico do filme, que teve sua produção elogiada por críticos e exibidores.
Um marco para o Brasil no cinema mundial
“É a primeira vez que um ator brasileiro conquista esse prêmio. Estou profundamente honrado e emocionado”, disse Moura em nota, já que não estava presente para receber o troféu. Kleber Mendonça Filho subiu ao palco e dedicou as palavras ao colega:
“Tive muita sorte de trabalhar com Wagner Moura. Ele é não apenas um grande ator, mas uma pessoa incrível. Eu o amo muito.”
Ao receber seu próprio prêmio, o diretor pernambucano destacou a importância das salas de cinema:
“Queremos que esse filme esteja nas salas de cinema, porque é nelas que o caráter de um filme se forma.”
Além dos prêmios de atuação e direção, o filme também foi agraciado com o Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) e o Art et Essai, concedido pelos exibidores independentes da França.
Palma de Ouro vai para o Irã
Apesar da forte presença brasileira, a Palma de Ouro, principal troféu do festival, ficou com o iraniano Jafar Panahi, pelo filme A Simple Accident. A obra, cercada de mistério, concorreu com outras 21 produções, incluindo nomes de peso como Wes Anderson, Ari Aster, Lynne Ramsay e Richard Linklater.
Confira os principais vencedores do Festival de Cannes 2025:
- Palma de Ouro: A Simple Accident, de Jafar Panahi
- Melhor Direção: Kleber Mendonça Filho (O Agente Secreto)
- Melhor Ator: Wagner Moura (O Agente Secreto)
- Melhor Atriz: Nadia Melliti (The Little Sister)
- Melhor Roteiro: Jean-Pierre e Luc Dardenne (Young Mothers)
- Grand Prix: Sentimental Value, de Joachim Trier
- Prêmio Especial do Júri: Resurrection, de Bi Gan
- Câmera de Ouro: The President’s Cake, de Hasan Hadi
- Prêmio do Júri: Mascha Schilinski (Sound of Falling)
- Curta-metragem Palma de Ouro: I’m Glad You’re Dead Now, de Tawfeek Barhom
O Brasil como País de Honra
O reconhecimento brasileiro em Cannes 2025 foi amplificado pela escolha do Brasil como País de Honra do festival. É apenas o quarto país a receber o título, depois da Índia (2022), Espanha (2023) e Suíça (2024). A homenagem destacou a vitalidade e criatividade da indústria audiovisual brasileira e reforçou o momento único vivido pelo cinema nacional.
Um novo capítulo do cinema brasileiro
O sucesso de O Agente Secreto consagra uma geração e aponta para um futuro de mais protagonismo internacional. Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho, agora premiados em Cannes, não apenas cravam seus nomes na história do cinema — eles abrem caminho para que mais vozes brasileiras ecoem nas grandes telas do mundo.
Com informações do G1