O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou nesta segunda-feira (9) durante seu depoimento em audiência de interrogatório na ação penal sobre o golpe de Estado tentado após as eleições de 2022, que o ex-presidente acreditava ser possível encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas. Segundo Cid, Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de 2022, tinham a expectativa de que a identificação de uma fraude nas urnas permitiria justificar uma intervenção militar para reverter o resultado das eleições. y3b2n
Cid, que é o primeiro réu do Núcleo 1 da trama golpista a ser interrogado, também se comprometeu como delator nas investigações sobre o golpe. Ele explicou que a ideia de uma fraude nas urnas seria a chave para convencer os comandantes das Forças Armadas a apoiarem uma ação que alterasse os resultados das eleições, que foram conquistadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o depoimento, a pressão sobre o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, para que ele sugerisse a possibilidade de fraudes nos sistemas de votação, era constante por parte de Bolsonaro.
“Essa era a grande expectativa, que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que a gente via era uma busca incessante por uma fraude. Com isso, seria possível convencer os militares de que a eleição estava comprometida, e talvez a situação mudasse”, relatou Cid.
Em 2022, o general Paulo Sérgio Nogueira havia enviado um parecer técnico ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que afirmava não ser possível garantir que o sistema eletrônico de votação estava totalmente livre de interferências externas. Naquele período, os militares faziam parte da comissão de transparência eleitoral, instituída pelo próprio TSE, com o objetivo de monitorar o processo eleitoral.
O depoimento de Mauro Cid foi interrompido por volta das 16h45 para um intervalo, e o interrogatório deveria ser retomado às 20h do mesmo dia. Ele é o primeiro dos réus a ser interrogado no processo, que investiga os detalhes do golpe frustrado, liderado por membros da ex-istração de Bolsonaro.
Por Eduardo Souza
Com informações: Agência Brasil
Foto: Ton Molina/STF
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